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jueves, 26 de julio de 2012

UNA ESMERALDA MONTADA EN UN RELICARIO DEL SIGLO XVII

Jardim da Esmeralda

O "jardim da esmeralda" é uma expressão de gíria e em desuso, que diz respeito às inclusões, geralmente abundantes, observáveis a olho nu em algumas esmeraldas. Estas incluem, por exemplo, fissuras, fracturas e pequenos cristais, dando a imagem de um cenário interno que, dentro do verde da gema, lembram um "jardim".
Subsiste ainda a ideia errónea de que a presença de "jardim" é prova de autenticidade de uma esmeralda natural. Esta presunção tem raízes antigas na altura em que os substitutos habituais desta variedade de berilo eram, no geral, o vidro e os dobletes (ou tripletos), habitualmente desprovidos de características internas visíveis a olho nu. Estas contrastavam com as esmeraldas que, como é reconhecido, apenas muito raramente ocorrem sem inclusões observáveis à vista desarmada, mas, de facto, as melhores esmeraldas são limpas de inclusões, ou seja, não têm “jardim”.
No campo dos substitutos, esta presunção de que a p...
resença de inclusões, ou de jardim, suporta a autenticidade de uma esmeralda é também absolutamente errada. Existem vidros de boa cor verde-esmeralda que apresentam minúsculas e profusas bolhas de gás, dando a ideia de um “jardim”. Já no decorrer do séc. XX, a partir da sua segunda metade, as esmeraldas sintéticas produzidas por vários métodos de crescimento, designadamente o método de fundente (flux) e o hidrotermal, originaram, e ainda originam, materiais gemológicos de boa cor, ora desprovidos de inclusões, ora com cenários internos que, para os observadores menos experientes, se confundem com o “jardim” das esmeraldas naturais.
Como conclusão, tenha-se a expressão “jardim da esmeralda” como mera forma romântica de aludir às características internas desta gema e não como forma de a separar dos seus substitutos ou imitações. A expressão deve ser, portanto, desprovida de peso diagnóstico. Para o diagnóstico, isso sim, deve contribuir uma correcta determinação do tipo de inclusões dos materiais gemológicos que estão a ser identificados.

Grande esmeralda colombiana apresentando profusas inclusões.
Relicário da Cruz do Santo Lenho, ca. 1699 © Arquidiocese de Évora
 
 
Gracias Ruy !

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